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Primeiro Congresso espírita

COMO SURGIU O MOVIMENTO DE UNIFICAÇÃO

Primeiro Congresso Espírita do Estado de São Paulo

A partir do 1º Congresso Espírita do Estado de São Paulo a USE iniciou o trabalho em prol da Unificação do Movimento Espírita

Por Érica Silveira

A trajetória da USE (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo), que recebeu o nome inicial de União Social Espírita, está diretamen­te ligada a história do movimento espírita. Foi fundada em 5 de junho de 1947 durante o 1º Congresso Espírita Estadual com o objetivo de formar e orientar o dirigente espírita. No mesmo ano de sua fundação foi criado o Departamento de Juventudes Espíritas e posteriormen­te, em 1949, o Instituto Espírita de Educação.

Em cinqüenta e oito anos de existência, a USE participou de diversos congressos e eventos. O primeiro, realizado em 1947, representou um marco e teve cinco dias de duração. A solenidade de abertura aconteceu na sede do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento. “Estiveram presentes os representantes das entidades filiadas. Na época, 550 entidades espíritas estavam integradas. Durante o encontro, que passou pela Sinagoga Espírita Nova Jerusalém, União Federativa Espírita Paulista e Federação Espírita e teve o encerramento no ginásio do Pacaembu, foram apresentadas 34 teses. A vencedora foi a de autoria do comandante Edgard Armond, em nome da Federação Espírita do Estado de São Paulo.

Segundo o historiador Eduardo Carvalho Monteiro, um dos autores do livroUSE- 50 Anos de Unificação, a USE surgiu em uma época em que quatro entidades federativas competiam entre si (Liga Espírita, União Federativa, Sinagoga Espírita e a Federação Espírita). “Foi uma idéia luminosa de juntar os departamentos federativos de cada uma dessas entidades e fundar um departamento específico para desempenhar o papel federativo”, relata o autor. Eduardo Carvalho comenta também que apesar da idéia inovadora de Edgard Armond, ele acabou se separando da USE por volta de 1951 e retomando a Federação Espírita, o que acabou desunindo o movimento espírita.

Mas independente desses acontecimentos, a USE prosseguiu na tarefa de orientar os dirigentes das casas espíritas.

Dificuldades e desentendimentos

No ano seguinte ao surgimento da USE, em 1948, pouco antes do 2 oCongresso Espírita Estadual, o médium Chico Xavier psicografou uma mensagem de Emmanuel falando sobre a importância da unificação. Em dos parágrafos da carta, Emmanuel diz: “Cultivar o espiritismo, sem esforço espiritualizante, é trocar notícias entre dois planos diferentes, sem significado substancial na redenção humana”.

Em 1953 começou a circular o jornal Unificação, antes publicado como boletim inserido em O Semea­dor. O jornal Unificação também passou por fases de dificuldades e modificações. O veículo oficial de comunicação da USE destinado aos dirigentes e trabalhadores das instituições espíritas passou a se chamar Dirigente Espírita em setembro de 1990, nome que permanece até hoje.

Fases de dificuldades e desentendimentos também acompanharam o desenvolvimento das atividades da USE. Uma dessas, desavenças ocorreu com a FEESP (Federação Espírita do Estado de São Paulo).

Chegou-se até mesmo por algum tempo, a discutir-se a fusão de ambas, representada por um Conselho Estadual Unificado. A proposta tinha como objetivo aproveitar a vasta experiência da FEESP na área de cursos na formação do dirigente para as casas espíritas e o canal aberto com essas casas da USE. Após anos arrastando a decisão de uni-Ias, decidiu-se, em1977, a não fusão, por chegarem à conclusão de que cada uma tinha sua determinada função e que a fusão poderia resultar no desaparecimento da USE. Superado mais esse episódio, o trabalho prosseguiu. Decidiram reformular  seus  departamentos  para  voltarem  a crescer em intercâmbio com o movimento espírita.

Com o tempo, o trabalho foi se consolidando, transformando-se em uma entidade federativa respeitada por todos, mas a luta permanece para que haja união entre os aprendizes da Boa Nova.

Para sabermos mais como está o movimento da USE na atualidade e o caminho que vem desenvolvendo ao longo dos anos, entrevistamos Atílio Companini, presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo.

Como a USE tem procurado integrar o Movimento Espirita?

A USE, constituída em 5 de junho de 1947, desenvolve desde seus primórdios atividades doutrinárias e sociais junto às Casas Espíritas, buscando a união das sociedades e a unificação do movimento espírita. Ao longo de todos esses anos não tem medido esforços no sentido de consolidar o movimento através de uma política de união, de fraternidade, de respeito e de conscientização. Evidente que para essa tarefa ela se dirige, prioritariamente, ao dirigente espírita, responsável pela casa espírita, célula fundamental do nosso movimento.

Quais foram as principais mudanças desde a fundação da USE até os dias de hoje?

Comparando o espiritismo de sessenta anos atrás com o de hoje vamos notar profundas diferenças. Hoje possuímos um número maior de casas espíritas, bem organizadas, na sua maioria dotadas de sede própria, com objetivos doutrinários bem definidos, com atividades que atendem às diversas faixas etárias, voltados para um relacionamento fraterno e cristão. Seus responsáveis são idealistas, conscientes de suas responsabilidades e dedicados.

Até àquela época não era assim. O espiritismo surgiu desde os tempos da Codificação (falamos em termos de Brasil) fundamentado no fenômeno mediúnico e que geralmente ocorria com médiuns despreparados e que sofriam o condicionamento psíquico de outras religiões.

Além das tarefas da “Unificação”, outros fatores influenciaram nas mudanças ocorridas: a dinamização do livro espírita, iniciado com o parque gráfico da FEB; as atividades exuberantes da mocidade espírita; o estabelecimento de cursos de espiritismo previstos por Allan Kardec, a evolução da cultura e educação geral, isso tudo somado permitiu alcançarmos o espiritismo de hoje.

TEMOS PROCURADO ATENDER ÀS RECOMENDAÇÕES DE BEZERRA DE MENEZES EM SUAS MENSAGENS QUANDO DIZ QUE A UNIÃODEVE VIR PRIMEIRO.

A UNIFICAÇÃO SE PROCESSA DEPOIS NATURALMENTE

A USE tem conseguido cumprir seus principais objetivos de formar e orientar o dirigente espírita?

Sim. Desde sua fundação, e mais a partir de 1975, com a edição da Carta aos Centros Espíritas, todo um trabalho de conscientização do dirigente tem sido feito. São os encontros, seminários, simpósios, cursos, que proporcionam, além do embasamento doutrinário e técnico, a troca de experiências bem sucedidas, bem como a reflexão de temas de interesse geral.

Qual é a maior dificuldade ao coordenar os centros filiados a USE?

A maior dificuldade que sentimos nas atividades da unificação do movimento espírita é o desconhecimento das suas vantagens e necessidades espirituais. Mas é obra do tempo e do trabalho. Somos confiantes.

Para se obter o maior êxito, como está estruturado o departamento de comunicação da USE?

O departamento procura agir conjuntamente com os departamentos de comunicação das USE’s regionais e locais. Muitos dos nossos órgãos possuem jornais, revistas e boletins próprios, o que mostra a exuberância donosso movimento. Mantemos o jornal Di­rigente Espírita, voltado, como seu próprio título indica, ao dirigente, de edição bimestral e distribuído a todas as casas espíritas do Estado de São Paulo e a algumas do país.

Mantemos, também, o programa radiofônico Movimento Espirita, levadoao ar todos os domingos, das 13h às 14h30, pela Rede Boa Nova de Rádio -1450AM (SP).

Está sob a responsabilidade do departamento a manutenção decampanhas voltadas à difusão do espiritismo e a elaboração de folhetos e sua distribuição.

Como vocês têm trabalhado as separações existentes ainda entre os órgãos coordenadores do movimento, como FEESP, a FEB e aAliança?

A unidade no movimento espírita reinará um dia. Foi para isso que surgiu a USE e para isso nos dedicamos. As separações são obras dos homens, que ainda não assimilaram a necessidade de disciplina, mesmo participando de um movimento com características de plena liberdade de organização e trabalho.

Temos procurado atender às recomendações constantes de Bezerra de Menezes em suas mensagens quando diz que a União deve vir primeiro. A Unificação se processará depois naturalmente.

Quanto a FEB (Federação Espírita Brasileira), esclarecemos que a USE participa, na condição de coordenadora e de patrocinadora do movimento espírita paulista, desde 1949, do seu Conselho Federativo Nacional, juntamente com outras 27 federativas estaduais e mais quatro entidades especializadas.

Qual é o melhor caminho para a união de todos esses órgãos?

O melhor caminho, ao nosso ver, é o da humildade, fraternidade e consciência do espírito de caridade, vividos intensamente através do trabalho e a divulgação da doutrina espírita.

Houve um tempo de grandes desavenças entre a FEESP e USE. Essas desavenças ainda existem ou foram superadas?

Não falamos em desavenças, no sentido literal do termo. O que houve foi falta de diálogo no sentido de união e de consciência para o trabalho comum.Mas já evoluímos bastante. Com o objetivo de aproximar e alcançar a unidade, algumas atividades foram realizadas em conjunto, envolvendo outras instituições, a bem do espiritismo paulista. Os espíritas sempre têm boa vontade e ideal para servir à causa.

O que a USE tem feito pelo movimento jovem dentro do espiritismo?

O movimento  jovem  sempre  foi  exuberante  no  Estado  de  São Paulo.  A contribuição da mocidade espírita nas mudanças ocorridas desde a fundação da USE foi muito grande. Hoje, a USE tem um departamento de mocidade muito ativo, bem organizado, composto de moços disciplinados, estudiosos, dedicados à causa, fraternos e idealistas.

Como avaliam a organização do bicentenário de Allan Kardec?

O bicentenário de Allan Kardec foi um momento de justas homenagens ao Codificador e que possibilitou ampla divulgação do espiritismo no ensejo da realização de grandes eventos no Brasil e no mundo. A grande mídiainteressou-se por esse acontecimento, o que nos leva a supor que houve uma verdadeira “invasão dos céus” aqui na Terra.

TRECHO DA TESE APRESENTADA POR EDGARD ARMOND PARA O 1º CONGRESSO ESPÍRITA ESTADUAL

“Pelo conhecimento que pessoalmente temos da situação e dos problemas que, no momento, apresenta o espiritismo estadual, não julgamos aconselhável que este Congresso tente, num só lance e de forma definitiva, a unificação que todos nós almejamos. Porque não será com um simples decreto que este Congresso conseguirá modificar o caráter, a mentalidade e os sentimentos da massa espírita, nem o modo pelo qual julga que deve trabalhar na seara do Mestre e que, em regra ‘geral, tem esse aspecto que conhecemos, arbitrário e isolacionista, sem nenhum pensamento de unidade social.

Mesmo as maiores iniciativas representam sempre esforços isolados, de indivíduos ou de grupos, sem repercussão e desdobramento no conjunto.

Assim, pois o que se puder conseguir como fruto desta importante reunião será sempre uma conquista lenta, sujeita ao tempo, dependendo de paciência, tolerância e tenacidade realmente evangélicas.

Por isso propomos a unificação em duas fases ou etapas: a primeira de aspecto espiritual ou doutrinário e a segunda de aspecto material ou administrativo.

Na primeira se tentará a preparação dos espíritas para o exercício de atividades sociais em comum, num dado tempo, estabelecendo-se pontos de interesse coletivo, que possam congregar todos os corações e estimular todas as vontades; durante esse tempo procurar-se-á modificar a mentalidade dispersiva e o personalismo atualmente existente e obter, pelo menos da maior parte, uma certa unidade de propósitos e uma cooperação uniforme, disciplinada, espontânea e realmente fraternal.

Se não houver esse desejo de viver unidos e esse esforço de cooperação em torno a objetivos comuns muito pouco se conseguirá, por mais que se trabalhe, nesse terreno da unificação, porque de muito mais transcendência que as resoluções deste Congresso serão a repercussão e a boa acolhida que elas tiverem na massa espírita que deve toma-Ias realidade.

Tudo depende, pois, do espírito de solidariedade dos nossos confrades da Capital e do interior.

Por isso, na primeira fase trataremos somente da unificação no campo doutrinário e na segunda, se a primeira obtiver êxito, passaremos à unificação material, que será estudada e decretada por outro Congresso a ser oportunamente convocado.

Esta nossa proposta, como vêem, se escuda na prudência e na experiência que ensina que empreendimentos de vulto como este não se pode realizar num só dia.

E queremos também dizer que nos dias que correm tudo está se precipitando para soluções desesperadas e complexas, nos apontando o caminho da calma e da reflexão; não nos devemos precipitar não só porque, mormente no terreno espiritual as modificações são sempre lentas e progressivas, como também porque não devemos levar o nosso movimento espiritual, tão belo e transcendente, ao tumulto e à desorientação que reinam por toda parte”.

Quais serão os próximos eventos coordenados pela USE?

Diversos eventos expressivos estão sendo planejados. Viver em FamíliaEm Defesa da Vida são campanhas que muito brevemente serão trabalhadas.

Mas, certamente, as comemorações do 150º aniversário da primeira edição de O Livro dos Espíritos, em 2007, deverá proporcionar grandes eventos, com a conseqüente ampla divulgação da doutrina espírita. .

Uma mensagem sobre a importância da união no movimento espírita.

Nos recordamos da feliz expressão de Bezerra de Menezes: “Juntos seremos União. Separados seremos Pontos de Vista”.

Como a USE está apoiando o Centro de Documentação Histórica do Espiritismo, que será inaugurado esse ano?

O Centro de Documentação Histórica é de iniciativa do nosso Assessor pró-Memória, Eduardo Carvalho Monteiro. Será muito importante e como toda boa obra tem e certamente terá o apoio da USE.

Como divulgar e preservar a memória espírita?

Para divulgar e preservar a memória do espiritismo compete-nos apoiar as boas iniciativas. O Centro de Documentação Histórica, que será inaugurado este ano, localizado à Alameda dos Guaiases, 16, no bairro de Indianópolis, e o Museu Espírita de São Paulo, do Instituto Espírita de São Paulo, na rua Guaricanga, 357, na Lapa, já em funcionamento na cidade de São Paulo, são iniciativas que merecem todo o nosso apoio e consideração. Vamos divulgá-Iase apoiá-Ias. _

USE-SP – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo

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