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 importância da preservação da originalidade da Doutrina Espírita, ou seja, de preservá-la tal qual foi codificada por Allan Kardec, começou a ser evidenciada em meados do século passado, em decorrência da difusão do Espiritismo.  Em grande parte, a difusão do Espiritismo ocorreu graças ao seu caráter confortador, que nos demonstra a justiça divina, e as maravilhas que a mediunidade já vinha proporcionando.

Ante esse apelo, muitos procuraram, e ainda procuram as instituições espíritas. A grande maioria não busca de uma nova filosofia de vida, uma explicação lógica para os problemas do ser, do destino e da dor. Procura apenas um lenitivo imediato, que afaste dificuldades físicas e espirituais, e que não exija mudança de seus hábitos e convicções.

Essa massa de sofredores e de curiosos dos fenômenos acaba pressionando os Centros Espíritas para que lhe ofereçam aquilo que procuram: uma prática mediúnica cada vez mais deformada e mais cheia de rituais, trazidos de religiões orientais, do catolicismo e da umbanda.

Por vezes, os próprios dirigentes de instituições ditas espíritas acabam sendo coniventes. Temendo perder a frequência de novos assistentes, acabam cedendo, aqui e ali, e as deturpações do movimento espírita vão-se consolidando.

Mensagens melífluas, açucaradas, vazadas em linguagem pobre e repetitiva, colaboram para a desfiguração dos pilares do Espiritismo.

Não é aceitável que continuemos impassíveis vendo essa avalanche de deturpações, veementemente condenadas por Kardec! Os verdadeiros espíritas precisam defender os conceitos doutrinários e os objetivos do Espiritismo! Precisamos lutar sem descanso pela manutenção da pureza doutrinária!

Assim sendo, que é o Espiritismo, afinal? É a prática mediúnica por si mesma? É a simples crença nas intervenções de além-túmulo? É a Doutrina integral?

Se o Espiritismo fosse apenas sessão mediúnica, ou a crença no poder dos espíritos, bastaria ser médium ou tomar parte em qualquer tipo de sessão mediúnica, para que se qualificasse alguém de espírita.

Se o Espiritismo é todo o corpo doutrinário organizado por Allan Kardec, com os princípios que regulam os procedimentos nas relações com o mundo espiritual; se o Espiritismo tem conceitos que lhe definem o verdadeiro caráter; e se de sua elaboração doutrinária resultam consequências de ordem científica, filosófica, religiosa, moral e social, pois a Doutrina toca em diversos ramos do conhecimento, claro que não seria simplesmente a frequência a sessões mediúnicas a condição suficiente para que qualquer curioso, ou crente, se integrasse no Espiritismo.

O adepto do Espiritismo é quem conscientemente adere à Doutrina e, portanto, concorda com seus princípios e aceita os efeitos das teses espíritas em sua vida familiar, sentimental, social, política, comunitária e profissional.

Alguém que se torne frequentador de reuniões espíritas, movido por curiosidade, estudos ou à procura dos benefícios da assistência espiritual, mas sem atinar com os apelos da moral cristã, sem a mínima concordância com a Doutrina, ainda que seja assíduo, logicamente não pode ser considerado espírita!

Espiritismo não é sinônimo de mediunidade. O fenômeno mediúnico pode conduzir uma pessoa ao Espiritismo. Caso a conduza, então essa pessoa se dirá espírita. No dizer de Kardec, o Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos, mas não é uma religião não constituída, porque não preconiza idolatria, não têm rituais nem hierarquia sacerdotal. Não é, apenas, a crença na existência e na comunicabilidade dos espíritos.

Outra diferenciação importante para fazer é entre as palavras ‘Espiritismo’ e ‘espiritualismo’. No primeiro parágrafo da Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, em O Livro dos Espíritos, Kardec diz:

Para as coisas novas necessitamos de palavras novas, pois, assim, o exige a clareza de linguagem, a fim de evitarmos a confusão inerente aos múltiplos sentidos dos próprios vocábulos. As palavras ‘espiritual’, ‘espiritualista’, ‘espiritualismo’ têm uma significação bem definida. (…) Com efeito, o ‘espiritualismo’ é o oposto do ‘materialismo’; quem quer que acredite haver em si mesmo alguma coisa além da matéria é ‘espiritualista’. Mas não se segue daí que creia na existência dos espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível.

Em lugar das palavras ‘espiritual’ e ‘espiritualismo’, empregaremos para designar esta última crença, as palavras ‘espírita’ e ‘espiritismo’, nas quais a forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, têm a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando para ‘espiritualismo’ sua significação própria.

Como se vê, católicos, protestantes, judeus, muçulmanos, brâmanes, teosofistas, rosa-cruzes são todos espiritualistas, pois aceitam a existência do espírito. Mas, para ser espírita, é preciso aceitar inúmeras outras coisas, como a reencarnação, a comunicabilidade dos espíritos, a lei de causa e efeito, etc. E não basta! O Espiritismo não reconhece por seus adeptos senão aqueles que praticam os seus ensinos e se esforçam por se melhorarem.

A função do Espiritismo não é combater as outras religiões e doutrinas. Assim, nenhum espírita deve fazê-lo. A missão do espírita é combater o materialismo que, no dizer de Kardec, é a grande chaga da humanidade.

Aqueles que chegam ao Centro Espírita vêm trazendo conceitos e ideias próprios, originados de sua crença religiosa anterior e de percepções nem sempre corretas do Espiritismo. E, infelizmente, tendem a carregar essas ideias equivocadas na vivência dentro das Casas Espíritas. Não compreendem o Espiritismo em sua pureza, em sua essência, e acabam querendo adequar sua visão pessoal às práticas espíritas.

Não podemos permitir o desvirtuamento do Espiritismo!

Para alguns, pode parecer desnecessário relembrar essa questão. No entanto, se pedirmos para alguns trabalhadores que opinem sobre ela, não conseguirão! E isso é preocupante.

Em nossas mãos estão depositados compromissos muito sérios, dos quais inevitavelmente prestaremos contas, um dia, já que o tempo é inexorável, e traz todas as coisas.