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Coração Puro – Nilza V. Mello

Se observarmos atentamente o que Jesus nos disse  – “Bem-aventurados o que têm puro o coração” – perceberemos que não cometemos erros, somente através de ações, infringimos as Leis de Deus também através das palavras e pensamentos.

Vejamos o que diz a seguinte passagem bíblica: “Aprendestes o que foi dito aos antigos: Não cometereis adultério. Mas eu vos digo que quem tiver olhado uma mulher com um mau desejo por ela, já cometeu adultério com ela, em seu coração.” (Mateus, 5: 27 – 28)

Aqui fica bem clara essa ideia de que não só se infringe a Lei de Deus quando se pratica o ato, mas, também quando se “pensa” em cometê-lo.

Jesus costumava empregar a palavra “adultério” não só para designar infidelidade conjugal ou toda ação má, mas também todo e qualquer pensamento mau. Para Jesus, adultério tinha um sentido mais amplo. Adulterar, prevaricar é agir ou proceder mal, ato de desrespeitar, de não cumprir um dever por má fé. O indivíduo que prevarica normalmente age contra os bons costumes e a moral.

Isso quer dizer que “adúltero”, para Cristo, não é só quem trai o cônjuge, mas todos aqueles que descumprem a Lei de Deus até mesmo pelos maus pensamentos e palavras ofensivas.

Portanto, todo o cristão precisa repelir os pensamentos ruins, evitar palavras que ferem o irmão bem como más ações.

Isso nos leva a pensar que precisamos nos proteger para não cairmos em erro, vigiando os nossos pensamentos e através da oração.

Quando Jesus nos ensinou a prece dominical, incluiu esta súplica a Deus: “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”.

Como, então, devemos interpretá-la?

Como todos nós estamos reencarnados num plano de provas e expiações, somos ainda Espíritos muito imperfeitos, voltados para a vida instintiva do primarismo e, inúmeras vezes, somos tentados a incorrer em erro e nele caímos.

Daí a importância de uma vigilância severa de nossos atos, palavras e pensamentos. Temos que ser firmes, fortes e resilientes. Buscar conhecer os ensinos de Jesus e praticá-los.

Repelir maus pensamentos, más ações e palavras que ofendem é cultivar a paz, harmonia e fraternidade. Reafirmamos que a oração e a vigilância são poderosos auxiliares para se manter o coração livre das influências do mal.

Então, se alguém desejar mal a outrem, mesmo que não chegue a praticá-lo, se houve o propósito de fazê-lo é tão culpado como se o tivesse feito.

E fica, aqui, um convite a todos nós, a fim de fazermos uma reflexão sobre aquilo que somos. Se somos alguém que pensa no mal e nele se compraz, o mal ainda existe em nós na sua plenitude; ainda somos Espíritos que estamos no início de nossa evolução; se somos assaltados por um mau pensamento, mas o repelimos com energia, significa que já conseguimos algum adiantamento; quando um Espírito não concebe mais a ideia do mal, é porque já alcançou níveis superiores de progresso e Espíritos mais elevados só se preocupam em fazer o bem.

Nunca devemos nos esquecer de que o nosso progresso espiritual depende de nosso esforço. Aquele que enveredou pelo mau caminho, quando se esclarece, pouco a pouco se despoja do mal, fazendo melhor suas escolhas. “Conhece-se o verdadeiro espírita (ou cristão) não só pela sua transformação moral, mas por todo esforço que faz pra combater suas más tendências”.

Tudo que o fazemos aos outros tem reações que recaem sobre nós mesmos: o mau pensamento provoca intranquilidade e companhias espirituais indesejáveis; bons pensamentos, ao contrário, nos enchem o coração de paz, contentamento e boas influências espirituais.

“Orai e vigiai para não cairdes em tentação do inimigo”.

 

Bibliografia: “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec