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  PAULO DE TARSO E O CONCEITO DE LIBERDADE

Arlett R. C. Matheus

                                                                                                                    

Setembro é um mês que nos remete ao tema Liberdade.

No Brasil, em especial, nos lembramos da importância da Independência política a que teve acesso  nosso país. Não é uma data pura e simplesmente que determina o alcance da liberdade, é todo um processo que se instala  desde o momento em que ela é declarada em se tratando  de uma comunidade ou de um esforço consciente e constante quando se refere a própria vida.

Quando o propósito é  manter-se livre, o trabalho se inicia na conscientização do verdadeiro sentido de liberdade e como ela  diz respeito a nós e ao outro. Entender liberdade como um sistema  de relacionamento em que predomina o respeito ao direito próprio e alheio.

Paulo de Tarso expos de maneira magistral o que é Liberdade. 

Em  Coríntios  6:12, alerta:- “Todas as coisas me são permitidas, mas nem todas são saudáveis. Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convém…”  

Ao assim  expressa-se, o renascido em Damasco, nos alerta para a relatividade da Liberdade, esse bem maravilhoso que muitos interpretam de maneira errônea, complicando-se perante a vida.

Muitas atitudes vistas como libertarias, aprisionam o ser humano e resultam destruidoras da dignidade e do respeito próprio e, muitas vezes, da própria saúde.

Na busca de posição e vantagens pessoais há situações em que o direito do outro é lesado usando-se dispositivos da própria lei, que legaliza o ato ilegal.

Nosso direito termina onde começa o direito do outro é a realidade que precisa sempre estar presente em todos os nossos comportamentos. Tudo o que fazemos    gera  consequências e, conforme a consequência gerada, limitada se torna a tão sonhada liberdade.

Quanto mais esclarecido o homem, maior consciência, maior   habilidade tem ele para usufruir da liberdade, melhores são suas escolhas, posturas e decisões.

O ignorante espiritual confunde liberdade com permissividade e se compromete com desvios do comportamento saudável. Ignora que ao viver em  sociedade  não desfruta de uma liberdade  absoluta.  Ignora o compromisso e a necessidade de respeitar o espaço e os direitos dos outros para que a vida decorra sem complicações.

Na vida de relacionamento é preciso esquecer o “eu” e ficar com o “nós”.   Vivemos em regime de deveres, mas o orgulho e o egoísmo, ainda muito presentes, muitas vezes  nos impedem de analisar nossas atitudes e evitar o desrespeito com o companheiro de caminhada.

Lázaro, em comunicação na Paris de 1863, que lemos no cap. XVII de O Evangelho Segundo O Espiritismo, pergunta:

-Como precisar o dever? Onde começa ele? Onde se detém?

É o próprio Lázaro quem nos esclarece:

“O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; termina no limite que não gostaríeis de ver ultrapassado em relação a vós mesmos”

Bem claras as palavras de Lázaro, deveriam bastar para nos orientar, mas  é comum ao homem cometer equívocos que podem causar sofrimentos próprios e a outrem.

Mesmo aqueles que são  conscientes de que se deve respeitar o direito do próximo, acabam resvalando no próprio ego que conduz a uma supervalorização pessoal  gerando a necessidade de ser ouvido e obedecido pelo outro, atendido e  valorizado;  quando isso não acontece sobrevém as discussões, as mágoas, as inimizades, tão presentes no cenário atual.

Críticas construtivas, mesmo quando revestidas de  respeito e delicadeza, são repelidas com atitudes grosseiras, pois é recorrente  que não  enxerguemos  a próprias  falhas, só as dos outros. Ainda estamos envolvidos em mudar o outro e não reconhecemos que em nós precisamos proceder mudanças.  

Jesus é nosso modelo e guia, queremos em verdade seguir os seus exemplos,  mas não aceitando  que nos contrariem ou discordem de nossos pensamentos, estaremos   ameaçando  a felicidade e tranquilidade do nosso próximo, como disse Lázaro.

Se queremos realmente a mudança interior, se reconhecemos que ainda estamos valorizando mais nossos direitos, nossa liberdade, sem o mesmo empenho com o direito e a liberdade do outro, nos empenhemos na tarefa com a consciência de que o trabalho é árduo, envolve que vigiemos as próprias atitudes, demanda renúncia e sacrifício.

Para maior segurança, adotemos o hábito de nos interrogarmos:

 – O que estou fazendo ou dizendo fere a liberdade da pessoa a quem me dirijo? Gostaria que ele agisse assim comigo?

Com esse propósito estaremos aplicando a máxima do Cristo:“Façais ao outro o que quereríeis que vos fizessem” e nos envolveremos mais com acertos do que com erros.