Obra grandiosa cujo objetivo maior do Codificador da Doutrina Espirita Allan Kardec ao lançar o quarto livro da codificação, foi demonstrar que o céu e o inferno não são locais geográficos, mas são na realidade estados íntimos do homem, quer ele esteja encarnado ou desencarnado. Dividido em duas partes, trazendo na primeira a ciência da observação, com onze capítulos e na segunda a ciência de pesquisa, com oito capítulos. Temos na primeira parte portanto, a exposição dos fatos que nos leva há varias reflexões, entre elas a de que o céu esta em toda parte em que haja almas felizes e o inferno igualmente onde houver almas infelizes. Que as penas e recompensas de após morte do corpo físico saem do plano obscuro das superstições e do misticismo dogmático para a luz viva da analise racional e da pesquisa cientifica. Portanto, que elas (penas e recompensas), são as consequências naturais do comportamento humano. Na segunda parte temos o depoimento dos espíritos, em diversas situações morais, o que vem ratificar um dos muitos alertas providenciais dados por Jesus: “A cada um será dado segundo as suas obras” (Mateus 16:27). De imediato temos no primeiro capitulo da primeira parte como titulo “O futuro e o nada”; Allan Kardec coloca justamente para a reflexão as duas alternativas fundamentais do espirito (futuro ou nada). A teologia bíblica infelizmente construiu a figura de Deus como um juiz implacável e junto o imaginário e perpetuo de um inferno a semelhança de um cárcere imundo onde Deus jogaria literalmente seus filhos para sofrerem eternamente os erros cometidos, sem chances de reparação. Toda a vez que o ser infringe as leis Divinas o sofrimento aparece sim, porem temporário, como oportunidade reeducacional e de reflexões e não como castigo eterno. Há de considerar que todos nós possuímos um poder infinito de regeneração, pois por mais pervertido que seja o ser em evolução, há sempre ao seu lado alma que a ama profundamente; na figura paterna, na figura materna ou na figura de filhos, enfim ninguém esta desamparado da essência Divina “o amor”. Se nós seres humanos temos sempre alguém ao nosso lado e que nos ama, por pior que sejamos, como é possível que Deus, nosso Pai de amor e bondade, nos joga, sem outras oportunidades em um inferno perpetuo? Erramos, acertamos, evoluímos, pois a reencarnação é o método pedagógico criado por Deus para permitir que essa fatalidade divina, a perfeição relativa, aconteça para todos. Esta obra nos remete após a leitura e meditação, principalmente do item “Código Penal da Vida Futura” – Capitulo VII (primeira parte), a intensa reflexão sobre nossas atitudes (que terão repercussões positivas ou negativas), vejamos alguns códigos que separamos neste artigo: Primeiro código: “A alma ou espirito sofre na vida espiritual as consequências das imperfeições que não conseguiu corrigir na vida corporal. O seu estado, feliz ou desgraçado, é inerente ao seu grau de pureza ou impureza”. Terceiro código: “Não há uma única imperfeição da alma que não importe funestas e inevitáveis consequências, como não há uma só qualidade boa que não seja fonte de gozo”. Sexto código: “O bem e o mal que faremos decorrem das qualidades que possuímos. Não fazer o bem quando podemos é portanto o resultado de uma imperfeição. Se toda imperfeição é fonte de sofrimento, o Espirito deve sofrer não somente pelo mal que fez como pelo bem que deixou de fazer na vida terrestre”. Allan Kardec termina assim, no ultimo código (33), item 3: “Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a futura felicidade”. Concluímos que o espiritismo, através desta obra, explica e nos convence que Deus é amor infinito e soberanamente justo, portanto, não poderia gerar um local de sofrimento eterno e não criaria espíritos em condições de privilegio, pois todo privilegio seria uma preferência e toda preferência seria uma injustiça. Nos leva a entender, também, que nenhum investimento no amor é perdido e que o futuro não nos é desconhecido, porque está atrelado às nossas obras do presente.
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