A Morte e a Imortalidade - Arlett R.C. Matheus - 11/2023

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 A MORTE E A IMORTALIDADE

 Arlett R. C. Matheus

A morte é um processo natural a que estão sujeitos todos os seres vivos.

Em geral amedronta muitas pessoas, algumas  ao nível do pânico.

Sendo inevitável, necessário é refletir para encarar, com mais   naturalidade, esse momento comum a todos nós.

Nossas crenças norteiam nosso comportamento enquanto encarnados e, também nossas expectativas sobre o que nos espera após a morte.

Crer na imortalidade ou não do espírito que anima o corpo; crer que a vida após a morte é dinâmica ou que após ela tudo entra numa espécie de estagnação, de repouso eterno; crer que nos esperam os castigos do inferno ou a beatitude do céu, fará a diferença a respeito desse momento que encerra a vida na terra, nos dará mais confiança ou mais temores.  

Se já assimilamos os conhecimentos que a Doutrina Espírita nos oferece, compreendemos que estamos no mundo de passagem, que somos viajores da eternidade em ascensão ao Reino de Deus. Nesse entendimento, nos reconhecemos cidadãos do mundo e da espiritualidade.

Compreendemos que na terra assumimos os compromissos naturais da vida material: a realização na família, na vida afetiva, na vida profissional e social, almejando o patamar máximo em qualquer um desses setores.

Em relação à vida além-túmulo, os cristãos espíritas direcionarão, também, seus interesses e atitudes tendo por base a vida que continua.

Crer na imortalidade e no fato de que a cada um caberá responder pelos seus atos, direciona compromissos de dupla natureza: material e espiritual.

Espíritos esclarecem que a vida continua plena, laboriosa, oferecendo sempre conhecimento e evolução; que a morte não nos modifica para melhor ou pior e que conservamos nossa individualidade, construída na peregrinação por várias existências.

Léon Denis, refere-se à morte como “apenas um eclipse momentâneo nessa grande revolução de nossas existências” .

O túmulo, portanto, guarda apenas o corpo perecível, do qual o espírito se liberta...“Toda morte é um parto de renascimento”

Após deixar o corpo físico, é comum um tempo variável de perturbação após o qual, o espírito retoma a plenitude de suas faculdades e de sua consciência, reencontra entes queridos, sente-se incluído numa nova programação de vida.

A morte não priva o contato com os que ficaram. Preces, lembranças, saudades, assim como mágoas e ressentimentos, alcançarão o que partiu, produzindo sensações  agradáveis ou dolorosas.

O Espírito liberto, poderá acompanhar o progresso no mundo... assistir as novas descobertas, o desenvolvimento social, político e religioso das nações...Participar de tudo isso fluidicamente, auxiliando, influenciando, na medida do adiantamento alcançado...”

Para não temer a morte, o recurso não é afugentar a ideia da morte, e sim...“encará-la frente a frente, pelo que ela é na realidade” diz Kardec

O preparo para a vida além-túmulo envolve o conhecimento de sua realidade, a compreensão das leis que regem a vida, o cultivo dos valores espirituais. Esse conhecimento: dá segurança, favorece a separação do corpo físico.

 “Fortifiquemo-nos no pensamento do futuro sem limites. A confiança em outra vida, estimulará nossos esforços e os tornará mais fecundos. Nenhuma obra elevada e que exija paciência, pode ter êxito sem a certeza do dia seguinte”

Nossa vida é essa obra divina. Precisamos vivê-la com a certeza da continuidade, pautar nosso presente de forma a não comprometer esse futuro.

“Por todas as partes reinam as mesmas leis, as mesmas harmonias, as mesmas potências divinas” O Amor, está presente em todos os lugares.  Enquanto neste mundo choramos a partida de um ente querido como se ele fosse se perder no nada, “acima de nós, seres etéreos glorificam sua chegada à luz, da mesma maneira que nós comemoramos a vinda de uma criança, cuja alma volta à vida terrena...amigos, protetores, arrimos, esperam por nós”.

“Os mortos são os vivos do céu”

Muitos temem a morte pelos sofrimentos físicos que a acompanham mas nos tranquilizam os espíritos que, no momento da morte, quase sempre não há dor. Morre-se como se adormece.

Realçam, no entanto, que as sensações que antecedem a hora derradeira, diferem em relação aos indivíduos. Uns demonstram calma, serenidade e outros, agitação convulsiva, agonia. Depende de como levaram a vida, de forma nobre e bela ou de maneira dissipada, violenta, criminosa, sensual.  Os sofrimentos serão mais vivos quanto mais fortes forem os laços que unem a alma ao corpo. Esses laços, mais enfraquecidos, a separação mais rápida e a mudança menos dolorosa.

A perturbação natural, o entorpecimento após a morte será também mais ou menos intenso conforme a preparação para esse momento e de acordo com o grau evolutivo alcançado.

Essa perturbação pode ser amenizada pela oração, pelas emanações de carinho, vibrações que fazem do pensamento uma força penetrante, uma luz. “São como raios na neblina” e ajudam a alma a desprender-se. Preces sinceras, principalmente as improvisadas, são fortalecedoras, benfazejas ao espírito.

As lágrimas dos que ficaram, são legítimas, porém cultivadas a longo prazo, impedem a libertação, angustiam os que partiram. Oração e trabalho no bem, amenizam o luto.

“O melhor meio de se garantir uma morte suave e tranquila, é viver dignamente, com simplicidade e sobriedade, sem vícios, desligando-nos de tudo que nos prende à matéria, idealizando nossa existência, povoando-a com pensamentos elevados e com ações nobres” L.Denis

É no presente que se prepara o futuro. Agir para reformar-se sem postergar esses cuidados para os momentos finais da vida. É nossa vida inteira que responde pela vida futura.

Confiemos no PAI, no seu amor por nós e nos sintamos sempre amparados. Como fomos recebidos na terra pelos braços amorosos dos pais, assim seremos recepcionados pelos braços amorosos dos que nos aguardam na espiritualidade.

Eliminemos as ideias aterrorizantes ou as ilusões de beatitude, de inatividade.  “O futuro, assim como o presente é atividade, é trabalho”

Preparemo-nos para esse momento certo de data incerta, laborando a bagagem do espírito, o desenvolvimento das virtudes, o amor a Deus e ao próximo.

                                            Denis, Léon – O PROBLEMA DO SER – Cap. 10-  A Morte

                                            Kardec, Allan-  L.E. Cap. III  -  Retorno Da Vida Corpórea